miércoles, 29 de septiembre de 2010

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Prefiero querer a poder, palpar a pisar, ganar a
perder, besar a reñir, bailar a desfilar y disfrutar a medir. Prefiero
volar a correr, hacer a pensar, amar a querer, tomar a pedir. Antes que
nada soy partidario de vivir. SERRAT

martes, 28 de septiembre de 2010

Apenas esta Noche

                           
Esta noche escóndeme entre tus brazos,….hazme sentir que no siento,…haz que me olvide de todo,…déjame ser solamente un pedazo de tu cuerpo,…envuélveme entre tu piel y aléjame de mi mismo,…llévame donde no existo y dame un beso en el daño,…hoy necesito llorarme tantas lagrimas calladas,….hasta partirme y partir en busca de llantos nuevos,…hasta encontrar el lugar donde habitan los motivos,….que te arrancan el alma de aquel motivo que aún gastado consume la vida herida,….esta noche hazme tiniebla en tu sombra,….que no me vea ni el aire,…cubre mi fragilidad con un manto de cariño,…para al menos un instante no ser nana más que ausencia,…esta noche no me olvides,….búscame entre los pliegues de tus sueños,….acaricia mi abandono,….pon consuelo en la derrota que siente el que ya no lucha,….el que asume que un adiós es el inicio buscado,…el que implora que el final sea el punto de partida,…esta noche dame vida entre tus brazos,…o déjame irme sintiendo que siempre viví en tus brazos,…que quiero morir en ellos...     (J.R.M.S.)

jueves, 16 de septiembre de 2010

O POVO

O povo
(Rubem Alves)

"Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece",
 observou Nietzsche.
É o meu caso.
Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, leitor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora em que a coragem chega: "Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos".
Tardiamente: na velhice.
Como estou velho, ganhei coragem.
Vou dizer aquilo sobre o que me calei: "O povo unido jamais será vencido", é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados, invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política.
Mas Deus foi exilado e o "povo" tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo.

Não sei se foi bom negócio; o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de TV que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica.
Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia, o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse na montanha para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas,
 Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os Dez Mandamentos.
E a história do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar
o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava
de amante e amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela
o abandonou.
Passado muito tempo, Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos. E o que foi
que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas.
Comprou-a e disse: "Agora você será minha para sempre.".
Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus:
Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta, mas sabia
que ela não era confiável. O povo preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque
os falsos profetas lhe contavam mentiras. As mentiras são doces; a verdade é amarga.

Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos,
o circo eram os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver
o sangue e ouvir os gritos!

As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo.
O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas.
As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco
e os gritos.

Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro "O Homem Moral e a Sociedade Imoral" observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais.
Sentem-se "responsáveis" por aquilo que fazem.
Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas.

Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados
a um grupo tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais.
Mas o povo não é moral.
O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. 
Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo
os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói a democracia. 
Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo
é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. 
Quem decide as eleições e a democracia são os produtores de imagens.  
Os votos, nas eleições, dizem apenas quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras... 
O povo não pensa. 
Somente os indivíduos pensam. 
Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. 
Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a revolução cultural, na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos e matava cãezinhos a pauladas na rua, em nome da verdade proletária. 
Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar...
O nazismo era um movimento popular.
O povo alemão amava o Führer.
O povo, unido, jamais será vencido! 
Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos.
Mas, que posso fazer?
Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio;não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol. 
Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e a engolir sapos e a brincar de "boca-de-forno", à semelhança do que aconteceu na China.
 De vez em quando, raramente, o povo fica bonito.
 Mas, para que esse acontecimento raro aconteça, é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute:
"Caminhando e cantando e seguindo a canção." Isso é tarefa para os artistas e educadores.
O povo que amo não é uma realidade, é uma esperança.



No tengas miedo,...